30/07/2020

Resenha: 3096 Dias - Natascha Kampusch #MeuDesafioLiterário


Título do livro: 3096 Dias
Autor(a): Natascha Kampusch
Editora: Verus
Número de Páginas: 224
Sinopse: A impressionante história da garota que ficou em cativeiro durante oito anos, em um dos sequestros mais longos de que se tem notícia. Em 2006, o mundo parou para acompanhar o desfecho de um dos sequestros mais longos da história: a austríaca Natascha Kampusch havia desaparecido aos dez anos de idade, após sair de casa para ir à escola.

Inúmeras buscas foram realizadas pela polícia, sem resultado. Devido a problemas de relacionamento com a menina, sua família chegou a ser acusada de ter tramado o sumiço da garota. O mistério se dissolveu de forma surpreendente. Após passar oito anos sob o poder de um desconhecido, vivendo em um porão de quatro metros por três de largura, Natascha conseguiu fugir.

Em depoimentos à polícia, contou que seu captor, o também austríaco Wolfgang Priklopil, a maltratava e a obrigava a realizar tarefas domésticas. Seus únicos momentos de lazer eram assistindo televisão, ouvindo rádio e lendo. Do cativeiro, restaram apenas lembranças e um diário escrito ao longo dos anos, que serviu de base para o livro.

Nele, Natascha conta como aprendeu a viver com seu captor e tenta encontrar uma justificativa para seu rapto e maus tratos. A jovem fala ainda sobre a retomada de uma vida normal, agora sob os holofotes do mundo inteiro.


Resenha:

Para o último dia do #MeuDesafioLiterário, eu queria resenhar uma leitura impactante que realmente me tirasse da zona de conforto. Ao escolher 3096 Dias, creio que fiz a escolha correta.

Natascha Kampusch aos 10 anos de idade, enfrentou uma terrível experiência, a qual ninguém gostaria de passar: fora sequestrada e mantida em cativeiro por 08 longos anos. Nesse livro, ela conta sua experiência e relata todos os tormentos que sofreu nesse período de forma crua e sincera.

"Os romances me lançavam para um outro mundo e atraíam minha atenção de tal modo que eu esquecia durante horas onde estava. E era justamente isso o que fazia da leitura algo tão importante para minha sobrevivência."

 Apesar de já saber o que me esperava, a leitura de 3096 dias foi muito difícil de concluir. A autora não poupa detalhes ao fazer as descrições das surras que levava, além da tortura psicológica que segundo ela, era ainda pior do que as dores físicas que sentia e as cicatrizes que carregava.

 O período que passou no cativeiro é narrado de forma não linear, e Natascha acrescenta alguns fatos psicológicos durante a narrativa, o que tornou a leitura mais interessante e enriquecedora.

"Até hoje é difícil lidar com o fato de que perdi minha adolescência apenas em razão do capricho e da doença mental de um homem."
 

 Hoje, ela lida com a adaptação ao mundo exterior e com os ataques que sofre na internet. Sua relação próxima com o sequestrador, o fato de ter comprado a casa onde era mantida em cativeiro e a humanidade que afirma ter visto nele em muito momentos, a tornaram alvo de acusações e de especulações sobre estar com Síndrome de Estocolmo.

 Após a fuga, Natascha fez de tudo para voltar a ter uma vida normal e conseguiu contar o que houve aos meios de comunicação. Isso chocou o mundo inteiro, já que todos esperavam que uma vítima de sequestro se mantivesse retraída e vivesse para sempre carregando esse peso.

"A simpatia oferecida à vítima é enganadora. As pessoas amam a vítima apenas quando se sentem superiores a ela."

 Natascha se mostrou ser uma mulher incrivelmente forte e foi capaz de perdoar Wolfgang, apesar de todo o mal que ele lhe causou. Por se tratar de um livro de memórias, optei por não avaliar essa leitura da maneira como costumo (usando as estrelinhas). Fazendo isso, sentiria como se estivesse avaliando a narrativa de Natascha e isso seria extremamente desrespeitoso.

 3096 dias é uma leitura que se faz uma vez só, mas da qual você jamais esquece. Mais uma vez, reforço que foi uma boa escolha para encerrar esse desafio literário, e recomendo o livro para todos que se interessam por narrativas de não ficção focadas em casos criminais.

"Somente agora, nestas páginas, posso deixar o passado para trás e dizer verdadeiramente: Estou livre."
 

10 comentários:

  1. Ainda não li esse livro, mas conferi o filme e já o achei bem intenso, então imagino o quão densa deve também ser a leitura do livro escrito pela própria vítima. Achei bem legal você não avaliar o livro e acredito que os ataques que Natascha sofre é justamente por ela ser a mulher forte que não esperavam que ela fosse.
    Beijo, Blog Apenas Leite e Pimenta ♥

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  2. Oi
    que tenso tudo isso que aconteceu com ela, uma realidade triste e uma leitura que deve mexer muito com o leitor.

    http://momentocrivelli.blogspot.com/

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  3. Eu assisti um vídeo da Bel Rodrigues falando sobre o horror que a Natascha passou, é realmente admirável seu poder em conseguir lidar com tudo isso e ainda conseguir contar de forma tão objetiva e clara. Eu adorei a sua resenha e a forma respeitosa com que relatou essa experiencia retratada no livro ♥

    Beijos
    http://www.leiapop.com/

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  4. oLÁ...
    Adorei sua resenha!
    Já tinha ouvido falar desse caso, mas, ainda não conhecia esse livro. Obviamente, achei toda a história bem inntensa e imagino o quanto a leitura deve ser pesada. Fiquei com vontade de ler e já vou anotar nos desejados pra não esquecer :)
    Bjo

    http://coisasdediane.blogspot.com/

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  5. Olá, Laura.
    Eu já ouvi falar desse livro mas por enquanto não tenho coragem de ler ele. Vou deixar para quando passar essa pandemia. Mas acredito que é um livro que todo mundo que defende e acha bonito o filme 365 dias deveriam ler para ver o que é um sequestro na realidade.

    Prefácio

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  6. Oi, Laura!
    Eu sempre fico pensando como as pessoas lidam de formas diferentes com os traumas. É tudo tão doido não?
    Sua resenha me deixou curiosa demais, porque eu teria uma reação muito diferente da narrada.

    Um beijo,
    Fernanda Rodrigues | contato@algumasobservacoes.com
    Algumas Observações
    Projeto Escrita Criativa

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  7. Oi, Laura! O livro parece-me incrivelmente chocante. Tenho vontade de o ler, apesar de triste e impactante. Ótima resenha, eu adorei. Abraço!


    https://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/

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  8. Oiii Laura

    Eu tenho muita vontade de ler esse livro, até pela reação que a Natasha e sua história causam. Imagino que deve ser uma leitura bem forte, que levanta reflexão e debate principalmente porque a gente se pergunta se ela sofre de Sindrome de Estocolmo ou não (eu particularmente acredito que sim).

    Beijos, Ivy

    www.derepentenoultimolivro.com

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  9. Oi, Laura!

    Caramba, 8 anos! Pelo tanto que ela deve ter passado, sem dúvidas não é mesmo um livro fácil de ser lio. Requer estômago forte e também pausas ao longo da leitura pra não impactar demais. Com certeza é uma mulher muito forte, para ter conseguido sobreviver à longos anos e escapado. Fiquei curiosa em ler.

    xx Carol
    https://caverna-literaria.blogspot.com/

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  10. Eu não sei se teria estômago para ler esse livro. :( Por mais que eu ache a leitura válida, acho que me deixaria mais assustada do que qualquer outra coisa! E eu acho que o perdão liberta a gente, né? Não sei se conseguiria, mas mega entendo o lado ela. Esse tema é muito bem falado no filme "A Cabana". Já viu? E vendo essa resenha, lembrei do caso da menina Madeleine. Será que é isso que tem acontecido durante todos esses anos? Enfim... Ah! Achei muito incrível você não avaliar. Parabéns pela atitude! ♥

    Beijos, Carol
    www.pequenajornalista.com

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